INVERNO: TEMPO DE REORGANIZAR E PURIFICAR PARA CRESCER

INVERNO: TEMPO DE REORGANIZAR E PURIFICAR PARA CRESCER

A entrada do inverno é carregada de simbolismos. Simbolicamente ligada a entrada do Sol em Capricórnio, o signo cardinal da terra, o Solstício de Inverno marca a noite mais longa do ano.

No mundo antigo o Solstício de Inverno foi celebrado como um período de recolhimento, reflexão, purificação e de renovação de esperanças. No Hemisfério Norte, onde o inverno é mais rigoroso, a experiência tende a ser mais  "saturnina", haja vista que as condições climáticas impulsionam as pessoas a se organizarem a fim de garantir o próprio bem-estar e de seu grupo no futuro.

Para além da deidade de origem greco-romana, Saturno pode (e deve) ser compreendido como uma forma natural de manifestação energética.

O mito ensina a importância da estratégia para alcançar e manter o poder, mas, alerta sobre a mente enganosa. Iludidos pelo ego é possível perder o propósito e agir motivado pela fria lógica transformando a busca ou manutenção de uma aparente vantagem ou status um fim em si mesmo.

Saturno como energia presente na natureza e, portanto, na psique humana, convida a cada Solstício de Inverno - que no Hemisfério Sul ocorre aproximadamente entre os dias 20-22 de junho de cada ano - a sermos mais organizados na maneira em que conduzimos nossa vida material.

Precisamos ter clareza sobre o simples propósito de levantar da cama. Se buscamos ter uma vida equilibrada deve-se ter domínio sobre o básico: saber o propósito ou finalidade de cada ação. 

A rotina de "piloto-automático" em que vive o homem contemporâneo ignora a ideia do propósito para privilegiar a constante pulsão para agir. Quantas vezes nos questionamos sobre o propósito de sentar diante da mesa de refeição, por exemplo? De dizer ou não dizer "bom dia"? Quando deixamos de agir por uma finalidade damos espaço para a fria mente assumir o leme.

O problema é que a mente ilude, porque sujeita ao ego, as pulsões. Os smartphones e outros dispositivos de tecnologia de uso cotidiano nos bombadeiam com todo tipo de estímulo à nossa mente provocando ações por pulsão. Sem que realmente tenha se feito uma escolha, você pode comprar uma roupa nova, aceita um convite de amizade, assistir um vídeo ou deixar de seguir alguém. É preciso lembrar que somos mais que uma mente, mas, um ser com várias dimensões que incluem corpo, coração (corpo emocional) e alma (essência divina).

Ser mais responsável e organizado na vida material tem por base buscar a finalidade de cada ação. Se a finalidade é algo que beneficia somente a mim pode não ser algo realmente bom. Pergunte-se: O que minha  Essência (alma) escolheria? Observe se sua resposta muda.   

Alguns povos da antiguidade e da idade média adotavam realizavam rituais de purificação e evitavam tomar decisões importantes durante o inverno, tais como: realizar viagens longas, mudar de residência, casar-se, abrir uma empresa, assinar um contrato, etc. 

Na tradição solar celta, os Solstícios personificam a disputa entre o Rei do Carvalho (Júpiter) e o Rei do Azevinho (Saturno). Em cada Solstício um novo rei é entronado, sendo esperado que na ocasião presente o Rei do Azevinho, que simboliza a Escuridão, a Noite, os Ermos, as Raízes, o Submundo, o Gelo, a Maturidade, os Ciclos, as Feras, os Limites e a Morte, vença a disputa provocando a estação de declínio da Luz e, portanto, o Reino da Sombra.

O arquétipo de Saturno é uma energia que deve ser acolhida - inclusive a parte que Carl G. Jung nomeou como "Sombra".

A Sombra é o arquétipo que se refere aos conteúdos da mente inconsciente que escondemos,  reprimimos ou rejeitamos e que são desconhecidos ou desassociados da mente consciente por desafiar determinados valores que a persona quer proteger. Em razão dessa dinâmica, a  Sombra muitas vezes encontra como via de manifestação a projeção.

Ao projetar-se, ela  pode influenciar diretamente os relacionamento criando modelos que se repetem e que normalmente causam dissabor ou sofrimento. As características indesejáveis da persona são projetadas nas parcerias, de modo que, se a pessoa rejeita pessoas egoístas, por exemplo, ela pode atrair colegas de trabalho ou parceiros que se aproxime dela visando somente seu bem, abusando da generosidade, da liberdade, do espaço alheio. Reconhecer o que existe em nossa Sombra é a oportunidade de conhecer as raízes ocultas de certos espelhos, e elevar o padrão de nossas experiências como um todo, ainda que tal intento exija coragem. Não é fácil encarar o fato que certas coisas que consideramos muito feias na humanidade e no mundo sempre estiveram dentro de nós, em primeiro lugar. Mas certos remédios amargos são os que melhor curam e, nesse caso, os frutos compensam qualquer gosto ruim.

Na tradição mística se diz que a Sombra é uma mestra tão sábia quanto a Luz. Os Reis Carvalho e Azevinho, Júpiter e Saturno, a Luz e a Sombra são forças opostas, complementares, e presentes na natureza. Representam o constante processo de criação, destruição e reconstrução que perpetuam os ciclos universais. A natureza selvagem de Saturno é domesticada e civilizada nas mãos de Júpiter. A raiz que cresce na escuridão sustenta a árvore forte que dá os frutos para alimentar os seres que vivem na Luz. Enquanto as raízes da Lótus se aprofundam nas águas e no solo lamacento, a bela flor desabrocha sem se contaminar.

Aproveite o período sombrio da Roda do Ano  para desapegar de atividades, bens, paradigmas, pontos de vista, relacionamentos e rotinas que não funcionam mais. Todos os velhos problemas que lidamos até a exaustão em razão do medo da solidão ou para evitar uma mudança necessária podem ser escritos em um papel, enrolados em um pano branco e colocados sob uma turmalina preta ou azeviche. Anote em um papel as áreas da vida em que precisa de perseverança, tenacidade e determine a mudança que está buscando a partir de você – afinal, inexiste mudança que não tenha nascido antes dentro de nós!

Retome o plano de meditar todos os dias e reorganize a rotina diária. Se está passando por tratamento médico, reflita sobre o bem-estar em sentido holístico. O corpo físico precisa de dieta equilibrada e exercícios físicos que ative seus processos de autocura e autorregulação. A mente e o corpo emocional podem precisar de apoio profissional para curar o que o remédio é incapaz de curar. A consciência e a alma podem precisar de alguém que reconheça sua existência e seu propósito. Cada um tem seu papel, sua função e seu momento de apoiá-lo em sua cura. Não acredite que só remédio cura. Você se cura. O processo de cura é não-excludente, mas, inclusivo. Inclua ao tratamento médico tudo o que pode trazer mais qualidade de vida.

Projete para o futuro sem pressa de colocar em prática. Faça tudo de forma organizada, como se estivesse plantando a semente dos sonhos em terra fértil. Se sentir que está se limitando, se restringindo ou questionando sua capacidade ou merecimento, busque autoconhecimento e o apoio de técnicas, a exemplo do Thetahealing e outras, e em alguns casos, de psicoterapia.

Desejo a todos um feliz inverno, com muita inspiração e crescimento pessoal! Que o momento traga a todos a oportunidade de evoluir positivamente para além de nossos platôs e zonas de conforto a fim de que as mudanças possam se revelar em nossas realidades para o Bem Maior de toda a Consciência de Unidade e da Terra. E no retorno da Primavera e da Luz, que cada um possa ver as sementes brotar os mais belos e vigorosos brotos! 

Aho! Namaste!

Maira Fuzii (Maeve)


Imagens:

Imagem 1 -  Rei do Carvalho e Rei do Azevinho: "Blessed Litha (Midsummer), Blessed Yule (Midwinter)" Arquivo de Norma McKaig. Fonte; Pinterest 

Imagem 2 : Fonte: Pixabay

 


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Sagrado & Feminino

Um espaço para refletir a relação corpo, mente e coração e do indivíduo com planeta e a humanidade.

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