Meditando com as Deusas: Oxum

MEDITANDO COM AS DEUSAS: OXUM

No Brasil, o dia 8 de dezembro é de muita festa. Centros e terreiros de umbanda e candomblé de todo o país celebram Oxum (Osùn, Oshun), deusa iorubá das fontes, rios e cachoeiras, mãe do ouro, da beleza e do amor.

Nesta data, Oxum recebe muitos presentes, tais como objetos de cobre, latão e ouro (principalmente joias para ressaltar a beleza), leques, espelhos, seixos brancos do rio, frutas frescas e o tradicional mulukun – um prato feito de feijão fradinho com cebola e camarão – e o adun, feito de farinha de milho com azeite e mel. O dia da semana consagrado à Oxum é sexta-feira, dia de Vênus e Laskhimi, também deusas da prosperidade e do amor. Sua cor é o amarelo e o dourado. Lembrada pela astúcia, magia e suas conquistas amorosas, muitas são as histórias sobre Oxum.

Algumas contamos a seguir:
Para obter os segredos do jogo de búzios Oxum seduziu Exu. Desde então o jogo de búzios deixou de ser proibido às mulheres. Conta-se que para conquistar tais segredos, Oxum prometeu a Exu uma noite de amor que jamais aconteceu. Por causa disso, Exu persegue as filhas de Oxum

Outro episódio que narra a astúcia de Oxum foi quando ela disputou o amor de Xangô com outras duas deusas: as orixás Obá e Iansã.

Com Obá o episódio foi no mínimo trágico, pois, fingindo-se de amiga, Oxum ensinou seu “segredo” para conquistar Xangô: a receita de um prato muito especial que levava nada mais nada menos do que a própria orelha direita. Usando um turbante que cobria bem a orelha direita para manter a farsa, Oxum convenceu a ciumenta Obá que esta era a melhor maneira para ela provar seu amor e ter Xangô só para si. Seguindo o mau conselho, Obá preparou o prato e serviu a Xangô que cheio de repugnância repudiou a esposa enchendo-a de amargura. A partir deste episódio, os filhos de Oxum passaram a ser perseguidos por Obá, que quase matou Logun-Edé, filho único de sua união com Oxóssi.

Oxum instigou a famosa curiosidade de Iansã fazendo-a soprar a roupa de palha de Obaluaê – orixá da saúde e da doença, da vida e da morte –usadas para cobrir as chagas de seu corpo. Foi assim que Iansã obteve o conhecimento sobre a vida e a morte, mas, por ter desrespeitado Obaluaê, os filhos de Iansã são atormentados pelos eguns e precisam de muitas limpezas para ter um bom caminho na vida.

Oxum é a esposa favorita de Xangô, orixá da justiça e rei da pedreira. Foi esposa de Oxóssi e de Ogum.

Filha de Iemanjá (o mar) com Orunmilá (o firmamento), foi criada por Oxalá que era um pai muito afetuoso e incapaz de lhe dizer não. Devido a isso, Oxum ganhou a reputação de ser uma deusa mimada e caprichosa. Esta percepção, no entanto, é injusta e até machista.

Oxum é independente e sabe perfeitamente se relacionar com o plano masculino. Ela tem plena consciência de sua liberdade de escolha e sente-se confiante para faze-la conforme o desejo do seu coração.

Foi com o pai que ela recebeu a segurança para relacionar-se de igual para igual com os homens. Ogum foi seu primeiro namorado e quem lhe ensinou a usar a espada e o escudo. Foram muito apaixonados, porém, Ogum era extremamente ciumento o que fez a romântica Oxum perder o interesse. Um belo dia, ela conheceu o exuberante cunhado Oxóssi, o rei das matas, e se apaixonou por ele. A fim de impedir que ela fosse atrás de seu irmão, Ogum tentou prender Oxum, mas, quem pode prender a Rainha das Águas?

Com Oxóssi ela viveu um amor impossível, pois, ambos pertenciam a reinos diferentes. Apesar de sua grande beleza, Oxóssi era indiferente aos encantos de Oxum que, para conquistá-lo não poupou esforços. Usou vários estratagemas e até magia para ganhar o coração do caçador. Com ele, Oxum teve seu único filho: o orixá Logun-Edé que simboliza a unidade ou limite entre dois mundos.

O misterioso e instável Oxóssi acabou abandonando Oxum ainda grávida. Seu choro chamou a atenção de Xangô que passava com sua comitiva para ver Oxalá. Ao vê-la, Xangô imediatamente se apaixonou e desejou fazê-la sua rainha. Adotou Logun, que cresceu em seu palácio. Mas, quando Logun-Edé  tornou-se um belo jovem, Xangô invejou a atenção que ele recebia e mandou-o embora de seu reino. Para não perder a convivência com seu filho e, ao mesmo tempo, não contrariar o marido, a  astuta Oxum vestiu Logun de mulher. Dessa feita, Logun passou a viver 6 meses com o pai na forma masculina e 6 meses com a mãe na forma feminina.

A multifacetada Oxum unifica todas as faces do feminino. É a filha, a donzela, a esposa, a amante, a mãe, a bruxa, a sábia, a rainha – e a guerreira!

Apesar de sua natureza pacífica e notória doçura, Oxum também tem qualidades guerreiras. Diz-se que os filhos e filhas de Oxum fazem guerra como ninguém. Para um filho de Oxum perder a estribeira é preciso muito esforço, porém, quando entra numa briga é com força total. São estrategistas e intuitivos, tal qual a orixá e, por isso, não é nada saudável tê-los como inimigos. Podem guardar mágoa por anos sendo o seu principal aspecto negativo.

Todo homem carrega um pouco de Oxum, porque o Oxum é o carinho de mãe, o dengo no amor, a alegria da criança interior. Toda mulher carrega em si uma parte de Oxum, que quer ser livre, respeitada e amada por tudo o que é.


Meditação
Esta é uma ocasião excelente para refletir sobre a energia do amor:

Como temos vivenciado a relação consigo mesmo? Com graça, leveza e amorosidade ou com raiva, rejeição e ressentimento? Como lidamos com o outro, com a Terra e a Humanidade? Sentindo-se parte? Em pé de igualdade? Ou é o contrário?

Seguir as pegadas de Oxum é encontrar o fiel da balança: (re) descobrir a beleza e potência de vida que existe em você! É possível amar e ser amado por tudo o que se é sem desigualdades? Ouse saber!

Ora ye ye, Oxum!


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